“Pra Ver Pouquinho”: (Re)considerações sobre o olhar e o universo da iluminação cênica

TERRA, Mariana. “Pra Ver Pouquinho”: (Re)considerações sobre o olhar e o universo da iluminação cênica. Dissertação (Mestrado em Artes Cênicas) – Universidade Federal da Bahia, 2018.

Palavras-chave: Iluminação cênica; Observador-criador de iluminação; Estado perceptivo de olhar; Performatividade; Pesquisa somático-performativa; Scenic lighting; Creative observer of lighting; Perceptual state of looking; Performativity; Somatic-performative research.

Resumo: Esta dissertação destina-se ao lançamento de pressupostos que pretendem provocar revisões do campo da iluminação cênica enquanto área artística de saberes especializados, os quais têm sua fundamentação em conhecimentos técnicos do mundo conjugados à experiência integral do corpo vivido (soma). O objetivo é propor ligações intencionais do sujeito observador à sua própria percepção visual, no sentido de acessar estados criativos de olhar. No âmbito desta pesquisa, entende-se que tanto o profissional da iluminação cênica quanto pessoas não especializadas da área são realizadores e co-criadores da aparência visual do que está em seu campo de visão e, portanto, iluminadores de seu próprio olhar. Abrem-se, com isso, as comportas das convencionais burilações do status de artista e espectador, obra de arte e cotidiano. Por uma abordagem somático-performativa de experiência artística e também de construção estrutural da escrita, considera-se a integração interno-externo da percepção visual como aquilo que estabelece outros parâmetros para compreender a iluminação cênica a partir de princípios que reorganizam seus saberes fundamentais: a luz, o olhar e o aspecto visível das coisas do mundo. O campo passa a ser entendido como uma multiplicidade variada e infinita de possibilidades artístico-criativas, não mais se limitando exclusivamente a suprir necessidades plástico-visuais de espetáculos cênicos. O texto é uma narração autobiográfica em que relato os percursos, crises, desvios e descobertas que levaram a tais afirmações; tratase, portanto, de uma obra em processo contínuo. Ferramentas metodológicas de imagens somático-performativas auxiliam na articulação e movimentação vívida das ideias dispostas. Este é um trabalho multirreferencial de autores, conceitos e obras artísticas. Os principais conceitos que apoiam as discussões são: performatividade, imagem somático-performativa, observador e espectador emancipado. Outros conceitos ainda aparecem como pilares de temas específicos, como é o caso de co-evolução entre luz e cena e olho variável. Os autores que fundamentam o trabalho para falar de iluminação cênica são Roberto Camargo e Richard Palmer. Para dar consistência às proposições lançadas auxiliam-me Ciane Fernandes, Richard Schechner, Eve Sedgwick, Andrew Parker, Jacques Rancière, Jonathan Crary, Jacques Aumont, Alva Nöe, Vilém Flusser e Italo Calvino, dentre outros que aparecem pulverizados ao longo da travessia.

Link: https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/27155

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Escritas performativas: textualidades criadas por corpos e espaços.

BOITO, Sofia Rodrigues. Escritas performativas: textualidades criadas por corpos e espaços. Tese (Doutorado em Teoria e Prática do Teatro) – USP, Escola de Comunicações e Artes, 2018.

Palavras-chave: Corpo, Dramaturgia, Contemporânea, Literatura, Performatividade, Urbanidade.

Resumo: Este estudo tem como objetivo rever o modo de produção textual em processos de criação para a cena performativa. Partimos, assim, do seguinte problema: seria possível engajar o corpo na atividade de escrita? A fim de responder a essa pergunta, traçamos uma breve história do corpo e de sua relação com a escrita desde a modernidade, utilizando estudos de teóricos como Georges Vigarello e David Le Breton. O intuito é demonstrar que a visão cartesiana do homem cindido – em que mente e corpo são instâncias separadas – é uma construção histórica e que pode, portanto, ser questionada e combatida. Nossa hipótese é que processos de escrita que envolvam uma experiência corporal farão emergir textualidades que se efetivam em gestos e implicam em gestualidades. Ou seja, textos cuja compreensão não se dá apenas de forma racional, mental, mas que também atingem o leitor, ou o ouvinte, em sua materialidade corporal. Com o objetivo de verificar essa hipótese relacionamos, então, diversas práticas de escrita e as obras delas resultantes – processos e textualidades que analisamos à luz da noção de gesto, tal qual concebida pelo crítico literário Dominique Rabaté. Dentre os artistas estudados, modernos e contemporâneos, estão: Charles Baudelaire, André Breton, Georges Perec, Cao Guimarães e Myriam Lefkowitz. O estudo das obras desses autores acabou por revelar transformações históricas: a transformação da relação do homem com seu corpo, assim como a transformação dos espaços da vida cotidiana desses homens. Assim, as práticas empreendidas pelos artistas estudados servem para mostrar tanto o resultado do “progresso” da visão racionalista do mundo, quanto a necessidade da invenção de novas estratégias para superá-la. Por fim, a partir dos estudos de caso, refletimos sobre a possibilidade de transpor tais práticas corporais na criação de textos para obras cênicas performativas. Focamos, então, na última etapa do trabalho, em experimentos feitos pela própria pesquisadora. É importante salientar que os resultados obtidos não pretendem formalizar ou cristalizar um modelo para a dramaturgia performativa, pelo contrário, têm como intuito abrir novos horizontes para que se invente outras formas de provocar, criar e fazer emergir textualidades para a cena.

Link: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27156/tde-11092018-101425/pt-br.php

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