Sons encenam: reflexões sobre a música no teatro

SILVA, Tatiane Oliveira da. Sons encenam: reflexões sobre a música no teatro. Dissertação (Mestrado em Artes Cênicas) – Universidade Federal de Uberlândia, 2019.

Palavras-chave: Artes híbridas, Imagens musicais, Som objetificado, Teatro pós-dramático, Teatro, Artes Cênicas, Poética, Movimento (Encenação), Dramaturgia, Música dramática, Encenação.

Resumo: Esta dissertação pauta-se em apresentar uma reflexão sobre como os sons musicais podem construir e/ou alterar os sentidos e significados na encenação teatral e, consequentemente, na recepção do espectador, especialmente na cena teatral contemporânea. Entendendo que as duas artes – teatral e musical – possuem uma relação histórica de compartilhamento mútuo de princípios, retomo partes do entrelaçamento histórico entre as duas linguagens, elencando dois eventos que considero primordiais para uma presença mais autônoma dos elementos musicais inseridos no material espetacular. São eles o surgimento do encenador e o alargamento da noção de dramaturgia. Para tanto, menciono os avanços propostos nos trabalhos de compositores como Wagner (1813 – 1883) e de encenadores como Meyerhold (1874 – 1940), Stanislavski (1863- 1938), Brecht (1898 – 1956), Artaud (1896 – 1948) e Bob Wilson (1941) quando do tratamento com a camada musical. À luz dos processos ocorridos após a crise do drama – durante o século XX – e dos rumos que as duas artes percorreram em direção à contemporaneidade – como o surgimento de novas formas teatrais e musicais em relação às artes performativas – elenco algumas das possibilidades que os sons possuem para operar na cena teatral contemporânea, tais como os efeitos do som na temporalidade cênica, o trato do som musical como objeto, o som enquanto perspectiva de espaço e do som enquanto imagem. São chamados para o diálogo estudiosos como Tragtenberg (1999), Piccon-Vallin (2013), Bernard Dort (1977), Lehmann (2007), e Caznok (2008), cujos conhecimentos das duas linguagens traçam um percurso dialógico que deixa pistas para o desenvolvimento de formas híbridas de encenação, nas quais o som se faz enquanto presença cada vez mais significativa.

Link: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/26747

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Escritas performativas: textualidades criadas por corpos e espaços.

BOITO, Sofia Rodrigues. Escritas performativas: textualidades criadas por corpos e espaços. Tese (Doutorado em Teoria e Prática do Teatro) – USP, Escola de Comunicações e Artes, 2018.

Palavras-chave: Corpo, Dramaturgia, Contemporânea, Literatura, Performatividade, Urbanidade.

Resumo: Este estudo tem como objetivo rever o modo de produção textual em processos de criação para a cena performativa. Partimos, assim, do seguinte problema: seria possível engajar o corpo na atividade de escrita? A fim de responder a essa pergunta, traçamos uma breve história do corpo e de sua relação com a escrita desde a modernidade, utilizando estudos de teóricos como Georges Vigarello e David Le Breton. O intuito é demonstrar que a visão cartesiana do homem cindido – em que mente e corpo são instâncias separadas – é uma construção histórica e que pode, portanto, ser questionada e combatida. Nossa hipótese é que processos de escrita que envolvam uma experiência corporal farão emergir textualidades que se efetivam em gestos e implicam em gestualidades. Ou seja, textos cuja compreensão não se dá apenas de forma racional, mental, mas que também atingem o leitor, ou o ouvinte, em sua materialidade corporal. Com o objetivo de verificar essa hipótese relacionamos, então, diversas práticas de escrita e as obras delas resultantes – processos e textualidades que analisamos à luz da noção de gesto, tal qual concebida pelo crítico literário Dominique Rabaté. Dentre os artistas estudados, modernos e contemporâneos, estão: Charles Baudelaire, André Breton, Georges Perec, Cao Guimarães e Myriam Lefkowitz. O estudo das obras desses autores acabou por revelar transformações históricas: a transformação da relação do homem com seu corpo, assim como a transformação dos espaços da vida cotidiana desses homens. Assim, as práticas empreendidas pelos artistas estudados servem para mostrar tanto o resultado do “progresso” da visão racionalista do mundo, quanto a necessidade da invenção de novas estratégias para superá-la. Por fim, a partir dos estudos de caso, refletimos sobre a possibilidade de transpor tais práticas corporais na criação de textos para obras cênicas performativas. Focamos, então, na última etapa do trabalho, em experimentos feitos pela própria pesquisadora. É importante salientar que os resultados obtidos não pretendem formalizar ou cristalizar um modelo para a dramaturgia performativa, pelo contrário, têm como intuito abrir novos horizontes para que se invente outras formas de provocar, criar e fazer emergir textualidades para a cena.

Link: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27156/tde-11092018-101425/pt-br.php

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