RAMOS, Adriana Vaz. O design de aparência de atores e a comunicação em cena. Tese (Doutorado em Comunicação) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2008. Palavras-chave: Design de aparência, Figurino, Appearance design, Costume design, Characterization, Caracterizacao teatral, Maquiagem cinematográfica, Trajes. Resumo: Esta pesquisa pretende analisar a linguagem utilizada para construir a aparência de atores e personagens no âmbito de espetáculos, a qual denominamos caracterização visual de atores, bem como dimensionar sua importância na edificação dos significados de uma dada obra artística. A expressão caracterização visual refere-se, mais especificamente, aos relacionamentos expressivos entre cores, formas, volumes e linhas que, de diferentes maneiras, materializam os figurinos, as maquiagens, os penteados e os adereços, visando traduzir, em matéria plástica sensível, a aparência geral, ou seja, a caracterização de um ator, numa cena espetacular. Atualmente, nota-se, em espetáculos veiculados por diferentes meios, uma forma peculiar de conceber a construção da aparência de atores, que difere da mera função de referência usualmente apresentada pela concepção do figurino de uma obra, que, em geral, é tomado como parte acessória da representação. O trabalho de realização de um figurino é decorrente de um desenho mimético e referencial, que antecede o espetáculo em que se insere o ator, como é o caso dos figurinos que retratam determinada época, por exemplo. Neste trabalho, pretendemos refletir sobre o processo de complexidade pelo qual tem passado a linguagem que denominamos caracterização visual de atores para, enfim, entender seu campo conceitual e propor a existência de um outro modo de constituir essa linguagem, conceituado como design de aparência de atores, em que o figurino é, apenas, um elemento parcial. A caracterização visual, como uma linguagem, pode ser organizada segundo os modos figurino ou design de aparência. As concepções de Giulio Carlo Argan sobre as diferenças existentes entre as noções de projeto e programa, bem como as proposições de Régis Debray a respeito dos distintos modos de se organizar uma informação foram decisivas para que pudéssemos formular a conceituação de design de aparência e assinalar as divergências entre esse modo de caracterizar atores e um trabalho de figurino. Por um mecanismo metonímico do pensamento, o senso comum costuma usar o termo figurino apenas para se referir à aparência geral de um ator, ignorando a importância dos demais componentes para a construção da imagem cênica. Os conceitos elaborados pelos semioticistas da Escola de Tártu-Moscou apresentam as perspectivas teóricas necessárias para podermos compreender a aparência de atores em espetáculos como um sistema aberto, constituído por diálogos entre inúmeros sistemas modelizantes. Assim, podemos dizer que a aparência de um ator é um texto cultural, resultante de um complexo imbricamento de linguagens e que somente em meio a essa complexidade pode ser entendido. Um espetáculo artístico é uma obra sistêmica, um feixe de relações, no qual inúmeras linguagens atuam para a construção de um produto final. Não é possível isolar apenas uma das linguagens constitutivas de uma obra para compreendê-la, pois é necessário fazer, sempre, uma leitura relacional e, sobretudo, comunicante ou mediativa com o repertório de inferências que poderá ser construído pelo receptor. As análises realizadas buscam compreender como as imagens criadas pelo design de aparência de atores constroem as espacialidades de uma cena artística. Para tanto, trabalhamos com o seguinte corpus analítico: a peça Os sete gatinhos de Nelson Rodrigues, dirigida por Antunes Filho, em 1989; a microssérie Hoje é dia de Maria, dirigida por Luiz Fernando Carvalho, produzida pela Rede Globo de televisão, em 2005; três imagens criadas pela fotógrafa norte americana Cindy Sherman. Link: https://sapientia.pucsp.br/handle/handle/5133 |