Os potenciais narrativos do bordado no traje de cena

BOEIRA, Maria Celina Gil Reis. Os potenciais narrativos do bordado no traje de cena. Dissertação (Mestrado em Teoria e Prática do Teatro) – Universidade de São Paulo, 2018.

Resumo: Esta pesquisa busca investigar a presença do bordado no traje de cena, não só como elemento decorativo, mas também como elemento narrativo. Importam para esta reflexão o processo de produção manual, a artesania – principalmente a partir dos estudos de Richard Sennett – e poéticas têxteis que o bordado pode produzir. Partindo da relação entre o ato de tecer e o de narrar presente em Walter Benjamin e Roland Barthes, a pesquisa traça um breve histórico do bordado, entendendo de que maneiras e com que objetivos ele foi usado em trajes de diversos tipos, principalmente no traje de cena. Dois estudos de caso são objeto de análise nesta pesquisa: os trajes do espetáculo O homem de la mancha (2014), de Miguel Falabella; e processos criativos do encenador Gabriel Villela. O que liga ambos os casos é o artista Arthur Bispo do Rosário. Bispo produziu grande parte de suas obras quando esteve internado no hospital psiquiátrico. O bordado era uma das principais técnicas utilizadas por ele, cujo trabalho era marcado pelo alto grau de detalhes e pela ressignificação de objetos do cotidiano. Em O homem de la mancha, os trajes de cena foram inspirados em obras têxteis de Bispo. Já Villela assume ser Bispo uma de suas maiores inspirações e seus processos criativos se assemelham sobremaneira. Além de uma reflexão teórica sobre o que se tem produzido contemporaneamente no teatro envolvendo a artesania e o bordado, foi proposto ao longo da pesquisa um exercício prático utilizando a técnica como plataforma. Esse experimento, realizado junto aos alunos do curso de Têxtil e Moda no ano de 2017, foi uma criação coletiva em oficinas, cujos processos são relatados aqui. O ponto de partida das discussões e processos que resultaram nesse experimento foi a peça A mulher como campo de batalha, de Matéi Visniec. A peça trata de duas mulheres, internadas em um sanatório, dividindo suas experiências e ressignificando suas memórias. Essa peça foi escolhida por lidar com questões pertinentes à técnica do bordado: o gênero, a criação coletiva e a memória.

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