Introdução
De acordo com o artigo de Bucaille et al., (2022), indivíduos superdotados são aqueles que possuem altas habilidades, e com um QI (quociente de inteligência) igual ou acima de 130 em testes especializados, como a Escala Wechsler de Inteligência para crianças/adolescentes e adultos (WISC e WAIS, respectivamente).
Entretanto, também podem ter alterações em níveis cognitivos, apresentando dificuldades de aprendizado e socialização. A dificuldade para fazer amizades da mesma idade acaba impactando muito em atividades e relacionamentos diários em instituições como creches e escolas.
Também podem manifestar:
- Sensibilidade física e reatividade a sons, luz, texturas e sabores, levando à irritabilidade;
- Super-excitação ao questionar tudo, indo fundo em tópicos e conceitos complexos, com uma mente criativa e imaginativa;
- Super-excitação motora, podendo ser confundido com TDAH;
- Tendência ao perfeccionismo, levando à frustração e competitividade com outros;
- Sensibilidade emocional, vivenciando momentos de alegria ou tristeza intensas, com gatilhos para eventos como tragédias e episódios de injustiça, desencadeando fortes emoções de compaixão e empatia.
Os desafios da superdotação na vida cotidiana
Algumas reportagens realizadas pela agência de notícias BBC News Brasil e BBC News Mundo (dignas de leitura) apontam algumas dificuldades enfrentadas por indivíduos superdotados e seus familiares, reforçando a necessidade de maior atenção e compreensão para estes casos excepcionais.
No Brasil, alguns alunos superdotados enfrentam advertências e expulsões das escolas, por apresentarem “hiperatividade, agressividade e indisciplina” em sala de aula. Alguns pais também relatam a falta de atividades estimulantes, levando as crianças a ficarem entediadas. É recomendável e necessário um acompanhamento especial em sala de aula, com metodologias diferenciadas, porém muitas escolas e profissionais de educação (professores, pedagogos…) não são preparados para lidar com alunos superdotados. Esta é uma lacuna passível de mudanças, sendo necessários maior compreensão e capacitação pelos profissionais de educação e organizações educacionais (privadas ou estatais/governamentais).
Já o espanhol Javier González Recuenco, identificado precocemente com superdotação e altas habilidades durante a infância, relata episódios recorrentes de bullying na época da escola, por se sentir diferente dos demais alunos da mesma idade. Em seu texto, escrito para a BBC, ressalta a importância do desenvolvimento emocional e apoio de terceiros, para melhor lidar com as situações, e compreender que há mais indivíduos superdotados no mundo. Também recomenda:
- Deixar as crianças serem crianças, e não sobrecarregá-las com atividades extracurriculares excessivas;
- Incentivar a exploração;
- Tentar localizar e manter o contato com demais crianças superdotadas, para perceberem que não são as únicas do mundo com características de superdotação.
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FONTES:
‘Fui tratado como macaco de circo’: a infância traumática de criança superdotada. Almudena de Cabo, para BBC News Mundo, 20 de junho de 2022. Disponível online em: https://www.bbc.com/portugues/internacional-61844810.
As crianças superdotadas negligenciadas ou expulsas das escolas: ‘Meu filho era visto como problema’. Simone Machado, de São José do Rio Preto (SP) para a BBC News Brasil, 17 de janeiro de 2025. Disponível online em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/clynlqj0k00o.
Bucaille, A; Jarry, C; Allard, J; Brochard, S; Peudenier, S; Roy, A. Neuropsychological Profile of Intellectually Gifted Children: A Systematic Review. Journal of the International Neuropsychological Society, p. 1-17, 2021. DOI: doi:10.1017/S1355617721000515. Disponível online em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33998437/.
Davidson Institute (2021). Social and emotional resources: Types of Problems Gifted Children Face. Disponível online em:https://www.davidsongifted.org/gifted-blog/types-of-problems-gifted-children-face/
Texto por: Juliana da Silva Wrobleski