Desvendando o Cérebro – Primeiros meses de aprendizagem nos cérebros de bebês

Introdução

Ao nascer, o cérebro de um bebê possui ¼ a ⅓ do seu volume adulto definitivo. Os surtos de crescimento cerebral (quando partes diferentes do cérebro crescem mais rapidamente do que outras) se iniciam no 3o trimestre da gestação e continuam até os quatros anos de idade, contribuindo para o desenvolvimento das funções neurológicas – os marcos sensoriais, motores e cognitivos – como andar, falar, engatinhar, etc (Papalia & Martorell, 2021). 

As células cerebrais (neurônios e glia) também se desenvolvem e multiplicam em grandes quantidades. Mais dendritos e conexões sinápticas (conexões entre neurônios) são formados entre os dois últimos meses de gestação e os primeiros 6 a 2 anos de vida, gerando novas capacidades motoras, cognitivas e de percepção. Como o cérebro produz mais células e conexões do que consegue comportar, é necessário realizar uma poda neural/sináptica; assim novas experiências moldam o cérebro, fazendo com que conexões utilizadas permaneçam, enquanto as não utilizadas são excluídas. Este processo é necessário para “calibrar” os cérebros em desenvolvimento, fazendo com que funcione de modo mais eficiente no ambiente em que se encontra (Papalia & Martorell, 2021).

Aprendizagem por meio de brincadeiras

Os bebês aprendem e se desenvolvem através de brincadeiras! Primeiro descobrem e exploram o que seus próprios corpos são capazes de fazer, e depois descobrem que existem outros indivíduos e objetos externos a eles. A interação com adultos é crucial, pois é a partir deles que virão as capacidades de se comunicar, cantar, sorrir, etc. A interação com objetos e com outros bebês/crianças também é importante para o desenvolvimento das brincadeiras/aprendizado lúdico (UNICEF, 2017; 2018). 

Aprendizagem por meio dos sentidos

O aprendizado dos bebês se inicia a partir dos seus sentidos. Explorar, alcançar e agarrar objetos de diferentes tamanhos, cores e formas não é somente útil para o desenvolvimento dos marcos motores, mas para os demais marcos (sensorial e cognitivo) também (Needham & Nelson, 2023). Pais e/ou demais cuidadores podem estimular os bebês através da sua voz, face e toque. Os bebês tendem a repetir os estímulos que lhes são oferecidos (AAP, 2021). 

– Demais medidas para promover o desenvolvimento cognitivo de bebês e crianças pequenas, de acordo com os inventários HOME / HOME-SF (Caldwell and Bradley 1984;1992): 

  • Fornecer estimulação sensorial, mas evitar a superestimulação;
  • Promover ambientes de aprendizagem (com livros e brinquedos condizentes com as faixas etárias);
  • Responder aos sinais do bebê;
  • Dar liberdade para os bebês explorarem;
  • Conversar com os bebês, visando desenvolver as habilidades de comunicação;
  • Reforçar positivamente (com aplausos, por exemplo) novas habilidades aprendidas, e dando oportunidades para serem praticadas e expandidas;
  • Ler em voz alta desde a mais tenra idade, visando desenvolver as habilidades de alfabetização;
  • Punir com moderação, sem ridicularizar a exploração normal de erros e acertos. 

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FONTES: 

How babies learn through play – UNICEF Parenting (2017). Disponível online em: https://www.unicef.org/parenting/child-development/how-babies-learn-through-play 

When do babies begin to learn? UNICEF Parenting (2018). Disponível online em: https://www.unicef.org/parenting/child-development/when-do-babies-begin-to-learn 

How do infants learn? – Pediatric Patient Education, American Academy of Pediatrics (2021). Disponível online em: https://doi.org/10.1542/peo_document355 

Papalia, D. E. & Martorell G. Parte 2 – Capítulos 4 (Nascimento e Desenvolvimento Físico nos Três Primeiros Anos), 5 (Desenvolvimento Cognitivo nos Três Primeiros Anos) e 6 (Desenvolvimento Psicossocial nos Três Primeiros Anos). Desenvolvimento Humano. Porto Alegre, McGraw Hill Education & Artmed, 14ª edição, p. 800, 2021. 

Home Observation Measurement of the Environment-Short Form (HOME-SF). National Longitudinal Surveys (NLS), A Program of the U.S. Bureau of Labor Statistics. Disponível online em: https://reachoutandread.org/wp-content/uploads/2023/04/HOME-SF.pdf 

Needham, A. W. & Nelson E. L. How babies use their hands to learn about objects: Exploration, reach-to-grasp, manipulation, and tool use. WIREs Cognitive Science, 2023. Disponível online em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37286193/ 

Texto por: Juliana da Silva Wrobleski

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