Muito se tem falado sobre a Doença de Parkinson (DP) e sobre o Parkinsonismo. Mas afinal de contas, no que eles se diferenciam? E quais são os seus pontos em comum? Tentaremos responder a essas questões nos tópicos abaixo.
Doença de Parkinson
A doença de Parkinson é um dos tipos de parkinsonismo, sendo o mais comum deles, cerca de 75% dos casos, as pesquisas ainda estão em andamento para a descoberta de uma cura. A especialidade médica que acompanha os portadores da doença é a neurologia que para os sintomas motores o medicamento mais utilizado é a levodopa, que repõe a dopamina. O remédio escolhido no tratamento depende das características do paciente, tais como: idade, sintomas e estágio da doença. Os demais sintomas são tratados com medidas individualizadas, seguindo os sintomas que o parkinsoniano relata (verbalmente ou notáveis a olho nu ou em exames de imagem). Os benefícios advindos de terapias como fisioterapia, psicoterapia e terapia ocupacional, também ajudam no tratamento.
Sintomas da Doença de Parkinson
Os principais sintomas motores são: tremor, rigidez muscular, acinesia (redução da quantidade de movimento) e bradicinesia (lentidão na execução do movimento). Os sintomas não-motores são a depressão, distúrbios do sono e distúrbios cognitivos. Outros distúrbios se referem a fala, dificuldade para engolir saliva, distúrbios respiratórios, dificuldades urinárias, tonturas (a pressão arterial cai quando o paciente se levanta), dores e fadiga muscular.
Parkinsonismo
Doença de Parkinson e parkinsonismo não são sinônimos. Parkinsonismo é um termo genérico que designa uma série de doenças com causas diferentes e que têm em comum a presença de sintomas semelhantes aos da doença de Parkinson (parkinsonismo primário). Existem diversas formas de parkinsonismo. No entanto, independente das formas, o quadro clínico sempre será uma anormalidade do movimento caracterizada por: rigidez, lentidão e graus variáveis de tremor.
Sintomas do Parkinsonismo
Os principais sintomas das diferentes formas de parkinsonismo são a lentidão e rigidez. Além disso, há sintomas extremamente variáveis que mudam ao longo dos anos e com a progressão da doença. Em linhas gerais, outros sintomas comuns são: graus variáveis de tremor, alteração da expressão facial, dificuldade de andar, desequilíbrio, tendência à queda, anormalidades posturais e movimentos involuntários associados. A depender da doença, os pacientes podem ainda apresentar dificuldade para falar e engolir, alterações do comportamento, raciocínio ou outras habilidades cognitivas.
Causas do Parkinsonismo
Qualquer condição ou doença que cause diminuição da dopamina no cérebro pode produzir um quadro de parkinsonismo. A Doença de Parkinson é a causa primária do parkinsonismo e todas as outras doenças que afetam a dopamina são causas de Parkinsonismo secundário e incluem:
- Medicamentos;
- Acidentes vasculares cerebrais;
- Infecções cerebrais graves;
- Traumatismo craniano;
- Intoxicações crônicas;
- Alterações estruturais cerebrais;
- Doenças degenerativas;
- Distúrbios imunomediados; e
- Doenças genéticas.
Tipos e Classificação de Parkinsonismo
Para fins de estudo e pesquisa, o Parkinsonismo é classificado em quatro grandes grupos: medicamentoso, heredodegenerativo (processo degenerativo hereditário), parkinsonismo-plus ou atípico; e outras formas.
Parkinsonismo Medicamentoso: é o parkinsonismo desenvolvido devido ao uso de medicamentos psiquiátricos, contra vômitos e contra vertigens. É um dos tipos do parkinsonismo secundário, que são aqueles cujas causas podem ser identificadas.No parkinsonismo induzido por fármacos ocorre o bloqueio de receptores dopaminérgicos por medicamentos. Mesmo após suspensão, os sintomas podem persistir por meses em pacientes idosos.Essa é a forma mais comum de parkinsonismo secundário e ocorre principalmente em idosos. Entre as medicações mais comumente associadas a este quadro estão: haloperidol, clorpromazina, metoclopramida e flunarizina.
Diferenças entre Doença de Parkinson e Parkinsonismo Medicamentoso
Há diferenças importantes a serem notadas entre parkinsonismo da DP e parkinsonismo como efeito colateral da medicação. Parkinsonismo induzido por medicamentos frequentemente afeta ambos os lados do corpo igualmente, enquanto a DP praticamente sempre afeta um lado do corpo mais do que o outro.
A DP é tipicamente acompanhada por vários sintomas não motores, como:
- Depressão;
- Distúrbios do sono;
- Perda de olfato;
- Prisão de ventre.
Estes sintomas aparecem mais cedo no curso da doença do que os sintomas motores da DP. Parkinsonismo medicamentoso normalmente abrange apenas as características motoras.
Diferença entre Parkinsonismo Medicamentoso e Tremor Induzido por Medicamentos
Além do parkinsonismo induzido por medicamentos, que inclui tremor de repouso e é causado por medicamentos que bloqueiam o receptor de dopamina, há também uma grande variedade de medicamentos que não bloqueiam o receptor de dopamina, mas podem causar outros tipos de tremores, como tremores posturais e de ação. Quando uma pessoa tem esses tipos de tremores, mas sem a lentidão, rigidez e outros sintomas semelhantes a DP, pode ter tremor induzido por medicamentos (ao invés do parkinsonismo medicamentoso). Os medicamentos que podem causar tremor incluem, mas não se limitam a:
- Lítio;
- Ácido valproico;
- Amiodarona;
- Agonistas beta-adrenérgicos;
- Inibidores seletivos de recaptação de serotonina.
Parkinsonismo Heredodegenerativo
O parkinsonismo heredogenerativo é predominate na faixa etária de adolescentes e adultos jovens. Esse grupo de doenças geralmente tem causa genética e apresenta sintomas de outras anormalidades do movimento.
Muitas condições raras causam parkinsonismos heredodegenerativo, entre elas:
- Doença de Wilson;
- Distonias primárias;
- Neuroferritinopatias;
- Doença de Huntington (forma juvenil de Westphal).
Entre os sintomas comuns da forma heredodegenerativa, além da rigidez e lentidão, há muitas contrações musculares involuntárias como distonias, mioclonias, coreias ou espasticidade.
Parkinsonismo Atípico
Dentre todos os casos de parkinsonismo, aproximadamente 20% correspondem ao Parkinsonismo Atípico, o qual se refere a doenças progressivas que se apresentam com alguns dos sinais e sintomas da doença de Parkinson, mas que não respondem bem ao tratamento medicamentoso com levodopa.Essas condições são muitas vezes difíceis de diferenciar da doença de Parkinson e entre os diferentes tipos de parkinsonismo.
Tipos de Parkinsonismo Atípico
O termo utilizado para definir cada um dos tipos de Parkinsonismo Atípico se refere às partes específicas do cérebro que são afetadas pela doença, assim como seu curso característico. Historicamente, o termo surgiu com o advento do tratamento da Doença de Parkinson com a medicação levodopa. Observou-se que um subgrupo de pacientes não respondia bem a esse remédio como os demais pacientes com a forma clássica da Doença de Parkinson. Além de não responder a levodopa, esses pacientes também apresentavam sintomas atípicos, como: quedas precoces, anormalidades da movimentação dos olhos, anormalidades graves da postura, movimentos involuntários, dificuldades de raciocínio e outras alterações cognitivas.
Com o tempo, uma série de doenças foi descrita dentro desse grupo de parkinsonismo. As principais delas são:
- Paralisia Supranuclear Progressiva (PSP);
- Degeneração Corticobasal (DCB);
- Atrofia de Múltiplos Sistemas (AMS).
Atrofia de Sistemas Múltiplos (MAS): é um distúrbio progressivo causado pela perda de células nervosas em áreas específicas do cérebro que controlam uma variedade de funções do corpo. Essa perda causa problemas com o movimento, equilíbrio e funções autonômicas do corpo (aquelas funções do corpo que ocorrem automaticamente, como o controle da bexiga.) As três áreas afetadas são os gânglios de base, o cerebelo e o tronco encefálico.
Paralisia Supranuclear Progressiva (PSP): é uma doença neurológica degenerativa rara causada por danos a estruturas neuronais relacionadas ao equilíbrio, movimento, raciocínio/pensamento e controle da movimentação dos olhos para baixo e para cima. É causada principalmente pelo depósito anormal de uma proteína denominada “tau”, que é tóxica e acarreta lesão cerebral. A presença dessa proteína compõe um grupo de doenças degenerativas denominadas “tauopatias”, que é uma classe de doenças neurodegenerativas que inclui a doença de Alzheimer. Com a progressão da doença, a caminhada torna-se lenta e deliberada, com passos de base ampla e perda progressiva de equilíbrio. É mais frequentemente diagnosticada quando uma pessoa está em seus 60 anos. As pessoas com PSP e os seus familiares enfrentam muitos desafios, devido à rápida evolução e a falta de melhora com os remédios utilizados no Parkinson.
Degeneração Corticobasal (DCB): é também conhecida como Degeneração ganglionar corticobasal, leva à perda de tecido cerebral, especialmente na área frontal e parietal do córtex cerebral bem como em estruturas cerebrais profundas relacionadas ao movimento (gânglios da base). Os pacientes com DCB também apresentam a “proteína tau”. Especificamente na Degeneração Corticobasal, a perda neuronal pode ser vista em todo o cérebro, embora as seguintes regiões sejam mais severamente afetadas: o córtex frontoparietal, as estruturas subcorticais, o estriado e a substância negra. A doença afeta pessoas a partir dos 40 anos, geralmente entre 50 e 70 anos, sendo caracterizada por um quadro de: lentidão, rigidez, desequilíbrio, dificuldade de marcha e perda de habilidades cognitivas como planejamento e execução de tarefas. De forma progressiva, a Degeneração Corticobasal tende a afetar um lado do corpo mais do que o outro inicialmente, espalhando-se gradualmente ao longo da alguns anos.
Pesquisa feita por: Jamea Cristina Batista Silva Franklin.
Revisado por: João Fernando Rocha Avelino Soares.
Referências
AGÊNCIA SENADO. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/especial-cidadania/mal-de-parkson/principais-sintomas. Acesso em: 22/03/2023 às 15h43.
SANTOS, Diego de Castro. Parkinsonismo Atípico. Disponível em: https://drdiegodecastro.com/parkinsonismo-atipico. Acesso em: 19/03/2023.
MSD. Manual MSD Versão Saúde para a Família. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/distúrbios-neurológicos/transtornos-de-movimento-e-cerebelares/parkinsonismo-secundários-e-atípico. Acesso em: 22/03/2023.