Pintando a Vida

Doenças neurodegenerativas são aquelas que acometem o Sistema Nervoso (SN) de diversas formas e a cura ainda está sendo pesquisada. Com a intensificação das manifestações clínicas ao decorrer do tempo, afeta as áreas cerebrais específicas responsáveis pelas atividades corpóreas ou causa a destruição de neurônios.

Fonte: https://www.todamateria.com.br/cerebro/

Entretanto, tratamentos, como o uso de fármacos e atividades fisioterapêuticas, podem ser adotados para retardar a evolução da doença e proporcionar melhores condições de vida aos pacientes. Nesse sentido, a arteterapia torna-se uma opção para a prevenção e tratamento de sintomas, visto que auxilia na ativação da atividade neural – com a realização de danças, pinturas, escritas e/ou músicas – e, consequentemente, resulta em benefícios tanto motores quanto emocionais para os pacientes.
Além disso, cientistas da Universidade de Liverpool, no artigo “What paint can tell us: a fractal analysis of neurological changes in seven artists”, publicaram na revista Neuropsychology em 2017, que é possível detectar sinais da Doença de Parkinson (DP) e Alzheimer por meio da análise fractal de obras de artistas famosos. Os pesquisadores aplicaram a análise fractal como uma medida de mudança estrutural de padrões repetitivos de formas, cores e pinceladas em 2092 imagens digitais de obras de arte de sete artistas famosos. Sendo três com envelhecimento normal, outros quatro com o diagnóstico de uma doença neurodegenerativa.
Os resultados obtidos de Dimensão Fractal (DF) comparadas a variação de idade mostram que os pintores Salvador Dali e Norval Morrisseau, diagnosticados com a DP, e James Brooks e Willem De Kooning, com a doença de Alzheimer, apresentaram uma tendência de DF diferenciada. Além de divergirem, também, com a inclinação de tendência fractal do grupo controle, composto pelos pintores Marc Chagall, Pablo Picasso e Claude Monet, os quais não possuem registros de diagnóstico com algum tipo de doença neurodegenerativa ao longo da vida. Em suma, os dados de DF coletados dos artistas com DP e Alzheimer produzem padrões que se distinguem do padrão dos artistas saudáveis, revelando que as alterações cerebrais se refletem em mudanças mínimas das pinceladas.

Fonte: FORSYTHE; WILLIAMS; REILLY, 2017.

Os cientistas concluem que, mesmo com amostragem pequena, esta análise pode ser útil para a evolução do método fractal e aperfeiçoamento deste para identificação precoce de mudanças artísticas atípicas nas obras. No futuro, a DF possa ser utilizada como ferramenta eficaz para observação das alterações provocadas pela doença neurológica nas pinturas, possibilitando o reconhecimento da doença, anos antes de um diagnóstico clínico.
Como mencionado, as atividades artísticas são recursos terapêuticos que promovem uma gama de benefícios aos praticantes nas esferas social, cultural, psicológica e motora. A prática de arteterapia promove o estímulo de diferentes vias sensoriais e ativação das regiões cerebrais, proporcionando as transmissões nervosas, os movimentos corporais. Além da interação em grupo, que auxiliam na melhora de sinais motores e controle de respiração, postura, marcha, coordenação, desenvolvimento da musculatura e tarefas manuais. Como também sinais neurológicos para o aumento de concentração, memória, melhoras na fala, sono e emocional, contribuindo para o tratamento dos sintomas da doença e para a qualidade de vida dos parkinsonianos.
O Projeto Estímulo (projeto de extensão na área da DP) convida a todos para participar do segundo ano do evento “Estímulo e Arte” do mês da arte 2022, que ocorrerá de 15 de agosto a 12 de setembro, com atividades presenciais e remotas.
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Referências

Elthon Gomes Fernandes da Silva, Léslie Piccolotto Ferreira. Reabilitação em pessoas com
Doença de Parkinson: os benefícios do Teatro para tratamento de sintomas motores e não-motores. Revista Distúrbios da Comunicação: São Paulo, 24(3), p. 431-433, 2012.

Forsythe, A.; Williams, T.; Reilly, R. G. What paint can tell us: A fractal analysis of neurological changes in seven artists. Neuropsychology, 31(1), p. 1-10, 2017. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28026197/

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