O papel do Inédito Viável na educação em Design de Interação: apontamentos de um presente em construção, por Claudia Bordin Rodrigues da Silva
cbsilva@professores.utfpr.edu.br
Escrever este trabalho foi, para mim, um exercício de olhar para o agora com a coragem de imaginar futuros possíveis. O “inédito viável”, conceito de Paulo Freire, me atravessa como convite a pensar a educação em Design de Interação para além das práticas consolidadas, abrindo espaço para caminhos ainda não totalmente desenhados, mas cheios de potência.
Este texto nasce de inquietações, encontros e pesquisas que revelam um presente em movimento, onde a pluralidade de vozes, experiências e modos de ensinar e aprender se encontram. Não é uma chegada, mas um ponto de partida – uma costura aberta para quem acredita que a educação em design pode (e deve) ser radicalmente inclusiva, crítica e transformadora.
Compartilho aqui não respostas definitivas, mas apontamentos: fragmentos de um presente que já se constrói, com a esperança de que esse “inédito viável” continue a se multiplicar em sala de aula, na pesquisa e na vida.
No campo do Design de Interação, lidar com contradições não significa apagá-las, mas reconhecê-las como motores de mudança. A dialética nos ensina que conflitos podem abrir espaço para transformações — como vemos no próprio capitalismo de plataforma, que ao mesmo tempo que precariza, também abre brechas para formas mais solidárias, como cooperativas digitais.
Paulo Freire já apontava a importância de compreender o papel humano ativo no mundo: a natureza não está em oposição à cultura, mas em diálogo com ela. E a tecnologia, como produção humana, não está fora, mas dentro e em diálogo, como parte da trama de conhecimentos ao longo do tempo-história.
Nesse horizonte, uma educação crítica em Design de Interação precisa questionar a naturalização da tecnologia. O uso (ou não uso) de ferramentas digitais, as intenções de quem as projeta e os impactos sociais que produzem não podem ser vistos como neutros. Como lembra Feenberg, a tecnologia é também espaço de disputa democrática — longe de ser apenas instrumento de eficiência.
As teorias de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) ajudam a expandir esse olhar, desmontando visões deterministas que reduzem a tecnologia a causalidades simples. Smartphones não criaram o isolamento social por si mesmos; ao contrário, refletem e respondem a processos sociais e culturais já em andamento. Olhar para essas relações em sua complexidade é o que permite compreender — e transformar — o papel da tecnologia em nosso tempo.
Este blog é um convite para pensar o Design de Interação de forma crítica e plural, reconhecendo que a tecnologia não é destino, mas possibilidade.//
Meu convite para os inéditos 🙂
Até!
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