Quando o globo terrestre é observado pela perspectiva do espaço, facilmente poderia ser nomeado como planeta Água, o azul se sobressai se comparado a qualquer outro componente. O fato é que a água não é somente um recurso natural essencial para formação bioquímica dos seres vivos, como também se perpetua envolvida na maior parcela de suas atividades diárias. Embora seja incontestável sua relevância, o seu inteligente manuseio no cenário nacional não é visível.
O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) alerta que 35 milhões de brasileiros não possuem acesso à água potável. O dado alarmante é um pilar sólido para justificar a intensificação do estudo de medidas que propiciem água límpida para os habitantes do Brasil. O desequilíbrio explicitado não se restringe a solos nacionais, segundo o relatório da Organização Educacional Científica e Cultural das Nações Unidas (UNESCO, 2018), estima-se que 3,6 bilhões de pessoas vivem em áreas que apresentam uma potencial escassez de água por pelo menos um mês por ano, e essa população poderá aumentar para algo entre 4,8
bilhões e 5,7 bilhões até 2050.
Há via do exposto, tópicos que abordam o bom manuseio dos recursos hídricos paulatinamente se apresentam alvo das grandes instituições, sejam elas governamentais ou não, prova-se pelo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 6 abrangendo um pacto global assinado por 193 países que focam em assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos.
Garcia e Pargament (2015) explicitaram que a reutilização de águas residuárias, ou seja, águas previamente utilizadas em outra finalidade, é consolidada como uma notória solução para combater o problema de escassez por todo o globo.
A cisterna é um método amplamente utilizado para a captação e armazenamento das águas pluviais, entretanto as chuvas direcionam todos os dejetos, folhas e impurezas presentes no ar, no telhado e nas calhas até o depósito, inviabilizando, portanto, o aproveitamento pleno da água de chuva. Com base nesse contexto, os acadêmicos da Universidade Federal de Pernambuco desenvolveram o “DesviUFPE”, uma solução barata e automatizada que desvia os primeiros litros da água da chuva.
Os estudos comprovaram que o aparelho se mostrou eficiente na retenção de poluentes em seu interior, destacando-se a redução de coliformes totais (90%) e turbidez (94%), resultando de tal modo numa melhora na qualidade das águas de chuva nas cisternas. A água menos límpida armazenada no equipamento pode ser utilizada na limpeza da área externa, banheiros, para regar as plantas e animais.
Destaca-se o baixo custo para implementação da metodologia que gira em torno de 250
reais investidos em tubos e conexões. Uma réplica está presente na edificação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, no câmpus Curitiba, na sede do Ecoville.
Referências
GARCIA, X., PARGAMENT , D.. Reusing wastewater to cope with water scarcity: Economic, social and environmental considerations for decision-making. Resources, Conservation and Recycling, 101: 154–166, 2015.
LUTTEMBERG, Ferreira de Araújo. DesviUFPE como barreira sanitária para melhoria da qualidade de água de chuva em zona rural: determinação de deposição seca e melhoria de desempenho. Caruaru, 2017.
KAJURU, Jorge. Kajuru alerta que 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/ Acesso em: 26/04/2023
UNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2018 –
Soluções Baseadas na Natureza para a Gestão da Água. Perúgia, 12 p., 2018.
Autor: Mateus Pizzato Fagundes.