A produção da memória de um povo é um dos fatores de pertencimento a sua cultura sendo interpelado por vários artefatos, por exemplo, brinquedos, próteses e representações visuais dentre as diversas artes plásticas, cênicas e sonoras, inclusive a animação. Através das obras audiovisuais podemos interpretar um povo em um determinado cenário histórico-social. Devido a isso a catalogação e análise crítica dessas obras se apresenta como um processo valioso para formulação de narrativas e desmascarar discursos ditos neutros. Nossa linha de pesquisa investiga e lista as animações brasileiras, em parceria a Red Latinoamericana de Estudios de Animación – Sur a Sur, trazendo uma perspectiva pós-crítica com interseccionalidades como raça, sexo e classe.
Conceitos:
Especificamente no que tange o processo de recuperação e catalogação fílmica, inclusive a animação, dois termos podem ser encontrados: vocabulário controlado e indexação. Ambos se relacionam no processo de identificação de uma obra, o vocabulário controlado é uma espécie de glossário com termos abrangentes e específicos, por exemplo, música refere-se a todos os gêneros musicais, já rap, hip-hop ou pop, etc. são termos específicos relacionados a música. Com essa organização facilita-se a descrição do conteúdo de uma obra e referenciá-las com termos-chave, ação conhecida como indexação. Essa atribuição de palavras que descrevem a obra, auxiliam em sua procura pelas ferramentas de busca da instituição ou até mesmo para identificar obras com temáticas semelhantes.
Objetivo:
Como parceiros das atividades da Red Latinoamericana de Estudios de Animación – Sur a Sur, contribuindo como projeto de extensão Observatório Internacional do Ensino em Animação, dentro do Núcleo de Design em Animação da UTFPR, nosso objetivo geral é a catalogação das animações brasileiras, sobre tudo em festivais, para que sejam apreciadas e/ou reconhecidas pela “Red”, dessa forma contribuindo com a pesquisa na América Latina sobre o assunto. Como objetivo específico, deve-se realizar atividades de pesquisa, publicação e divulgação. Diferentemente do restante da “Red”, nossa abordagem fundamenta-se em autores da pós-crítica e pós-estruturalistas, como Butler.
Resultados:
Em nossa primeira análise analisamos a catalogação da Cinemateca Brasileira, em sua divisão da Filmografia Brasileira, conseguindo demonstrar a carência de termos no vocabulário controlado que se ajustem às demandas sociais, por exemplo, o uso de Indígena ao invés de Índio. Contudo, percebeu-se que uma maneira de testar novos termos e entender a aceitação do público foi o uso do vocabulário livre. Essas indexações que não apareciam antes começaram a retornar valores que apenas pelo primeiro vocabulário não retornaram.
Dependendo da ramificação da área da ciência da informação, a forma de acesso do público ao conteúdo pouco importa, nessa perspectiva, mais tradicional, o arquivamento sempre deverá ser neutro e suficiente, se seguir as diretrizes estabelecidas (Lima, 2018). Por outro lado, uma abordagem mais crítica questiona a veracidade de uma escolha neutra, sendo que várias obras não são classificadas ou presentes em bibliotecas públicas, como o caso de filmes LGBTQIA+.
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