Sobre nós
Em março de 2015, obteve-se a autorização para a criação da incubadora de Economia Solidária pela direção da UTFPR campus Curitiba. Tratando-se de uma universidade pública e tecnológica, cujas ações se baseiam no lema Tecnologia e Humanismo, cabe ressaltar a relevância de desenvolver projetos de extensão que promovam as chamadas Tecnologias Sociais, como é o caso da Economia Solidária, que aliam os saberes populares e técnico-científcos, desenvolvendo soluções para o desenvolvimento social e melhorias das condições de vida da população.
A criação da referida incubadora veio ao encontro da demanda que pode ser identifcada por meio dos dados do II Mapeamento Nacional da Economia Solidária no Brasil (2013), segundo o qual há 270 Empreendimentos Econômicos Solidários (EES), sendo 54 rurais, 187 urbanos e 29 rural-urbanos na região metropolitana de Curitiba. A maioria (182) ainda atua como grupos informais, 58 são associações, 29 cooperativas e 1 não se enquadra em nenhuma dessas categorias. Destaca-se que em relação ao acesso a algum tipo de apoio, assessoria ou capacitação, apenas 14 passaram por incubação. Outro dado que corroborou para a necessidade de um processo de incubação e assessoramentos mais efetivos se refere ao resultado da atividade econômica: em 113 EES foi possível pagar as despesas e houve sobras; em 102 apenas se pagaram as despesas, em 16 não foi sufciente nem para as despesas e 39 não tinham o objetivo de geração de renda (PROJETO SIES, 2013). De acordo com os dados do Cadastro Nacional de Economia Solidária, em 2018, o Estado do Paraná apresentava 1203 EES envolvendo 87.147 trabalhadores(as), sendo que Curitiba possuía 148 EES, com 2.356 trabalhadores(as).
Com a autorização da criação da incubadora na UTFPR, era chegada a hora de pensar em um nome e na logomarca da mesma, agora em parceria com o Departamento Acadêmico de Design Industrial (DADIN). A Profa. Simone Landal, chefe do departamento, possibilitou que a Profa. Vanessa Kupczik, com seus alunos, nos auxiliasse nesta empreitada. Então, entre os meses de maio a julho de 2015, ela gentilmente aceitou o desafo e solicitou que seus alunos se reunissem em subgrupos para criarem as propostas. Foi o que aconteceu com o grupo de Ana Luisa, Elis Maria, Jean e Vinicius (2015), cuja marca escolhida foi a do origami.
E o que o origami quer dizer? Ao mesmo tempo em que simboliza a dureza da tecnologia, também pode ser fexível, pois origami é uma técnica cujo objetivo é fazer dobras de papel, sem cortes e nem colas, para criar objetos e outros seres, desde formas geométricas simples a desenhos complexos, além de trazer leveza e beleza. Por isto foi escolhido, pois entendemos que a TECSOL é uma incubadora que lida com a dureza da “vida do trabalho e dos trabalhadores(as)”, bem como pode se transformar em um espaço de místicas, encontros populares, rodas de conversas, produção de ideias e esperanças de que um novo mundo é possível.
Em 17 de novembro de 2015, houve o lançamento oficial da Incubadora de Economia Solidária (TECSOL) da UTFPR – campus Curitiba.
Na mesa de abertura estiveram presentes os professores: Cezar Augusto Romano (diretor do campus); Mauro Edson Alberti (diretor de Graduação e Educação Profssional); Paulo Apelles Camboim de Oliveira (diretor de Relações Empresariais e Comunitárias); Faimara do Rocio Strauhs (coordenadora do PPGTE); Wanderley Deina (chefe do DAESO); Simone Landal (chefe do DADIN).
Desde sua criação em 2015, a TECSOL tem ampliado seu trabalho, atingindo diversas metas estabelecidas no projeto de extensão de sua implantação. Assim, durante sua existência a incubadora de Economia Solidária conquistou um espaço físico (sala multiuso); constituiu uma equipe técnica composta por docentes, discentes e voluntários numa perspectiva interdisciplinar e autogestionária; transformou-se em local de estágio obrigatório e não obrigatório na UTFPR; também acolhe estudantes que queiram desenvolver seus Trabalhos de Conclusão de Cursos (TCC), no qual um deles ganhou prêmio de 1.º lugar no evento de Extensão Universitária em 2019. Obteve 19 bolsas de extensão entre os anos de 2016 a 2022. Realizou formação em Economia Solidária para sua equipe e comunidade interna e externa; integra a Rede de Incubadoras Universitárias de Apoio e Fomento à Economia Solidária do Paraná (RIU-PR) e a Rede Nacional de Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares (ITCPS); participou de eventos científcos na área e dos Seminários de Extensão e Inovação da UTFPR com apresentação de trabalhos elaborados em conjunto com alunos; implantou uma disciplina optativa sobre Economia Solidária e Tecnologia Social no PPGTE e outra disciplina optativa para graduação que é ofertada para todos os cursos de graduação; criou um Grupo de Estudos sobre Economia Solidária e Tecnologia Social; participou de bancas de avaliação de Trabalho de Final de curso; participou de bancas de mestrado e doutorado sobre a temática; há também forte participação de eventos com apresentação de trabalhos científcos em congressos, encontros e seminários; há produção de livros sobre cursos realizados na incubadora; assessorou EES (Associação da Feira Permanente de Economia Solidária, Associação dos Catadores Ilha) e projetos sociais na área de Economia Solidária (Cooperua – Pessoas em Situação de Rua). Neste momento, continua assessorando os dois primeiros, além de integrar os projetos de extensão: o da articulação de Rede Paranaense de Economia Solidária Campo Cidade (Rede Mandala) e o de Economia Solidária e Dança; organizou cinco Mostras de Economia Solidária na UTFPR (2015, 2016, 2017, 2018, 2019); participa em instâncias políticas da Economia Solidária como: Conselho Municipal de Economia Popular Solidária de Curitiba, Conselho Estadual de Economia Solidária do Paraná, Fórum Municipal de Economia Solidária de Curitiba, Fórum Estadual de Economia Solidária e participou da Comissão Especial do Paraná do Cadastro Nacional de Empreendimentos Econômicos Solidários e Comércio Justo (CADSOL). Ajudou a aprovar as leis municipal e estadual de Economia Solidária. No Conselho Municipal de Economia Solidária de Curitiba (CMEPS), participou da construção do I Plano Municipal de Economia Popular Solidária de Curitiba. Participou da comissão organizadora das II e III Conferência Estadual de Economia Solidária e participou como delegada representando a região em conferências municipais, estaduais e nacional de Economia Solidária; participou da comissão de organização do I Seminário Municipal de Economia Solidária da cidade de Curitiba (2017); participou da comissão organizadora da II Conferência Municipal de Economia Popular Solidária de Curitiba (2018). Em 2018, a TECSOL foi transformada em Programa de Extensão. Em 2020, ganhou o prêmio Projeto de Extensão Destaque da UTFPR no Paraná. Ainda em 2020, em meio à pandemia, procurou se reinventar com o uso de plataformas virtuais para continuar assessorando EES, desenvolvendo cursos de formação e procurando manter a ES viva e pulsante.
A Incubadora de Economia Solidária possibilita a alunos, professores e técnicos administrativos contato direto com a comunidade e realidade social, favorecendo a integração e parceria da universidade com a sociedade. Pode ser local de estágio para alunos, oportunizando a eles dialogar com o saber popular e desenvolver a consciência crítica. É também campo de pesquisa e extensão para docentes e alunos da graduação e pós-graduação, bem como promove um maior aperfeiçoamento do corpo docente para atuação no ensino e na pesquisa. A incubadora promove ainda o fortalecimento da interdisciplinaridade na universidade, tendo articulação com outras áreas de conhecimento, tais como: Ciências Humanas (Psicologia, Sociologia, Filosofa, História, Arte e Geografia), Engenharia Civil (edifcações, segurança do trabalho); Arquitetura e Urbanismo (projetos arquitetônicos), Sistemas de Informação (capacitação em informática), Design (produtos de EES), discussões de Ciência, Tecnologia e Sociedade, especialmente no que tange à Tecnologia Social.
Texto retirado do livro “Programa de pós-graduação em tecnologia e sociedade PPGTE: histórias, conversas e imagens”, p. 176-184.
